Kazue

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Experiência Fukeru

Desde o falhanço miserável em Fuuki no Furukawa (O Antigo Rio da Riqueza e Prestígio), no País do Rio, que tenho vindo a melhorar consideravelmente as minhas capacidades com o Jintai Soujuu. Susano`o foi um covarde por me ter expulsado do Torneio dos Deuses após Eu mesma o ter derrotado, sem qualquer outro apoio, não cumprindo com a sua palavra. Mas já esqueci. Sou superior a promessas vazias dos Deuses Antigos. Afinal, cabe-me a MIM substituí-los pela nova geração!
Depois de algumas pesquisas, descobri que os Deuses Antigos não querem usar mais o antigo sistema de apenas invocarem os Tenkei e indicarem-lhes o local onde decorrerá o Torneio. Ao invés disso, optaram por um artefacto denominado de Kouseiki no Keiteki. Não tenho tempo para esses disparates das mentes gastas dos Deuses Antigos, pelo que decidi enviar uma certa pessoa à procura desse objeto enquanto me foco em assuntos realmente importantes. Oogata Turo foi o mais fácil de convencer a obedecer-me, pois prometi-lhe em troca do Chifre de Guerra a ressuscitação do seu irmão, Oogata Yuta. Sinceramente, não me importo minimamente com nenhum dos dois e até sou capaz de realmente ressuscitar o humano Yuta, se o seu irmão achar mesmo assim tão importante para ele, desde que tenha o Kouseki nas minhas mãos!
Enquanto ele segue rumores infundados sobre o paradeiro do artefacto, continuo a pesquisar minuciosamente cada detalhe do Jintai Soujuu. Já descobri que me dá total poder sobre qualquer organismo vivo deste planeta (algo que pude comprovar na semana passada quando consegui recriar um elefante adulto e saudável a partir de uma pata de um javali) e que me garante qualquer Kekkei Genkai que possa absorver da raça humana. Também consegui descobrir que o Jintai Soujuu necessita de carne humana como combustível para a sua utilização e que o seu uso excessivo baralha os genes do seu utilizador (o que justifica a coloração verde das minhas mãos e as mudanças de cor regulares no meu cabelo). No entanto, continua imperfeito quando o assunto é o cérebro. Não consigo perceber o porquê do meu Jintai Soujuu não conseguir controlar ou criar cérebros humanos quando o dos animais é facilmente manipulável...
"Será que é um órgão demasiado complexo para mim ou serei Eu ainda demasiado fraca?"
Esta foi a pergunta que têm vindo a massacrar o meu orgulho desde que saí do País do Rio. Se a minha habilidade afetasse o cérebro, certamente conseguiria controlar todos os Deuses Antigos para os conseguir destituir dos seus cargos. Mas onde conseguiria continuar a desenvolver a minha pesquisa? A resposta encontra-se num país relativamente perto, o País da Erva. Mais especificamente num clã: os Fukeru."
Katsu parou de ler quando começou a perceber para onde é que a história se estava a encaminhar... Conhecia demasiado bem o clã e as suas capacidades, graças a Kimera, para conseguir adivinhar qual era a intenção de Gaina. Receava continuar a ler com medo de vir a descobrir as atrocidades que ela cometeu para as suas pesquisas. No entanto, a curiosidade falou mais alto:
"Viajei para esse país enquanto o Oogata se deslocou para o País do Oceano em busca do artefacto. Nesse país, descobri que a sua vila escondida, Kusagakure, estava a ser disputada por dois clãs, Imagawa e Fukeru. Estas lutas fúteis, comum entre a raça humana, complicaram o meu trabalho, mas não conseguiram impedi-lo. Tive a destreza de não influenciar as suas guerras enquanto raptava um dos soldados Fukeru. Trouxe-o para o meu laboratório no País do Rio e aí comecei as pesquisas no seu fascinante cérebro e na habilidade por ele criada: o Kashikogan."
O Imagawa engoliu em seco quando se relembrou da extraordinária inteligência da sua antiga parceira Kimera e do temível Kashikogan (ou seria a sua personalidade que era temível?) e deu consigo a ser invadido por uma profunda nostalgia e raiva... Raiva por, sem saber explicar o porquê, imaginar que o soldado sequestrado por Gaina ser a sua Kimera!
A pequena Sekima soltou um pequeno gemido, como se ela compartilhasse a raiva do seu pai, e a sua cabeça mexeu-se um pouco em busca de maior conforto. O Imagawa manteve-se hirto com medo de que um gesto em falso atirasse a sua filha da cama abaixo e retomou a leitura quando esta se acalmou.
"Descobri inúmeras coisas sobre o seu cérebro após as mais variadas experiências e testes que apliquei no sujeito (até Eu fiquei espantada com o meu engenho e originalidade para os testes): os Fukeru são, muito provavelmente, o clã com os membros mais inteligentes entre a raça humana, sem qualquer excepção. Possuem um raciocínio incomparável que, consequentemente, afeta todo o resto do corpo. O Kashikogan é apenas um dos picos da potencialidade deste clã. Fiquei abismada com os resultados que iam surgindo e questionei-me como é que o clã e o seu poder não era mais famoso pela Nação. A resposta era óbvia: tratavam-se apenas de humanos que não sabiam como aproveitar a dádiva que lhes fora concedida, ao contrário de mim. Quis aprofundar a minha pesquisa no seu cérebro, mas, devido às já explicadas limitações do meu poder, tive de dissecar o soldado raptado. Achei-o uma perda triste, embora nem soubesse o nome dele, mas justificada pela informação necessária que me iria conceder. Quando analisei o cérebro, percebi que todos os Fukeru nascem com uma anomalia, algo como uma doença, que impele uso do cérebro ao seu máximo, cortando qualquer limites naturais. Eu listaria neste relatório as potencialidades que essa anomalia lhes garante, mas receio que nunca lhe daria um fim. Pela primeira vez, invejei a raça humana. Não foi um bom sentimento, por ser direcionado a uma raça que me é inferior, mas depressa o resolvi.
Passei um ano a realizar experiências focadas no cérebro do Fukeru e na tentativa de o usar para proveito da minha habilidade se tornar perfeita. Treinei o Jintai Soujuu com muitos outros organismo, desde os insetos mais rudimentares aos animais ou humanos mais complexos. Consumi diversos humanos para levar o meu Jintai Soujuu ao seu auge (algo que nunca senti, por mais que comesse). Até que, por fim, consegui o que queria. Quando tentei novamente afetar o cérebro com a anomalia, que tive de enganar ao dar-lhe a falsa sensação que o seu corpo ainda estava vivo para poder continuar a estudá-lo (obrigando-me a criar-lhe um coração e uns pulmões para lhe dar energia), consegui resultados mínimos, mas nunca antes atingidos. Consegui, por breves segundos, reduzir o efeito da anomalia, regredindo-lhe a capacidade de raciocínio e destreza. Fiquei satisfeita com a minha conquista, passando outro ano focado naquele cérebro. No final, consegui o que queria. Troquei o cérebro anómalo pelo meu e tornei-me ainda mais inteligente que os próprio Fukeru por conseguir aumentar ainda mais a intensidade da anomalia. Nem o meu Kashikogan, uma habilidade que nunca desejei mas que ajuda nas pesquisas, se pode comparar aos originais. Para conseguir afetar os cérebro de outros humanos com a liberdade com que afeto os seus corpos ainda é um processo deficiente e que requer melhorias, algo que certamente irei dominar com mais anos de prática. Tenho esse tempo todo, já que Oogata Turo ainda procura pelo maldito artefacto.
Decidi continuar o meu treino com os cérebros nos humanos que criei, e que ainda irei criar; experiência que irei relatar no próximo relatório."
O Akatsuki ficou boquiaberto com o que leu, incapaz de esboçar qualquer reação. Então Gaina é ainda mais poderosa do que ele imaginava, parte devido ao Kashikogan que, por palavras dela, consegue ainda superar os Fukeru. É algo inimaginável e que, muito sinceramente, Katsu nem quer ter de enfrentar um dia. No entanto, também é algo que não deve ser adiado. Poucas pessoas sabem da verdadeira existência de Gaina e quando descobrirem sobre ela, será demasiado tarde para resistir aos seus planos. A única esperança continua a ser voltar para Kusagakure e pedir ajuda a Kimera. Iria necessitar dela, mais do que alguma vez necessitou, para conseguir combater o Kashikogan de Gaina.
Suspirou após constatar a situação apertada em que estava, atirando o pergaminho que acabara de ler para o chão e esticando o braço para a cómoda onde estavam muitos outros amontoados para agarrar num.
"Escrevo este relatório como seguimento da Experiência Fukeru. O meu novo cérebro têm-se revelado muito mais útil que o anterior. As minhas capacidades tornaram-se muito superiores ao que já eram e sinto que vão aumentando a cada dia que passa. Sinto-me poderosa, de uma forma que nunca me senti antes, mas, lamentavelmente, não consigo compartilhar essa sensação com os humanos que criei.
São fortes com os corpos e Kekkei Genkais que lhes ofereci, mas estúpidos como os cérebros de animais que lhes dei. São capazes de seguir ordens, mas não têm qualquer noção de julgamento e raciocínio, o que resulta quase sempre em morte certa no campo de batalha. Senti-me frustrada com estes resultados desastrosos. Contudo, sabia que esta situação era apenas temporária graças aos desenvolvimentos no meu Jintai Soujuu.
Tive de abandonar o laboratório do País do Rio devido às autoridades locais estarem perto de o descobrir. Sempre gostei do anonimato e nele pretendo continuar enquanto não destronar os Deuses Antigos, pelo que resolvi mudar a base de operações. Absorvi para o meu corpo tudo o que necessitava e mudei para o País da Água, onde criei o meu laboratório e mais recente (e onde escrevo este relatório). Quando estabeleci todas as ferramentas necessárias, empenhei-me afincadamente na criação do humano número #3542, o primeiro que obteria um cérebro humano. Falhei nas primeiras tentativas, mas nunca desisti. Matei uma vintena de humanos (decidi matar de todas as faixas etárias para ter uma maior variedade de cérebros) e testei os cérebros que deles obtive por ordem decrescente em relação à sua idade. Todos os cérebros mais velhos rejeitaram os corpos por serem capazes de os reconhecer como não sendo seus, algo que estranhei pelo cérebro do Fukeru não ter feito o mesmo com o meu corpo. Assumi que o meu caso era diferente pelo cérebro Fukeru ter passado um ano em repouso, tendo esquecido, provavelmente, da sensação do corpo antigo, não lhe dando assim a possibilidade de rejeitar o meu. Fui demasiado impaciente para dar um ano de repouso aos cérebro mais velhos, agarrando no mais novo (de um bebé que nem tinha um ano de idade) e criando-lhe um corpo de uma criança. Percebi que estava certa quando vi o cérebro aceitar de bom grado o novo corpo, adaptando-se com uma inocência que só podia ser caracterizada como infantil. Fiquei satisfeita por ter criado o meu primeiro humano inteligente, embora ele ainda fosse bebé, e mais ainda quando percebi que havia herdado o meu Jintai Soujuu, o segundo ser vivo a conseguir utilizá-lo para além de mim. Fiquei satisfeita com os resultados que obtive, assumindo o bebé como meu filho, ou filha por, afinal, ser uma fêmea. Decidi homenageá-la por ser a primeira humana inteligente que criei, nomeando-a de Kazue. Graças a ela, consegui multiplicar o seu cérebro para criar muitas outras crianças, extremamente poderosas na sua infância e certamente imparáveis quando crescessem. Cabia-me a mim treiná-las para que isso acontecesse.
Todavia, à medida que o tempo foi passando e fui criando mais crianças, Kazue revelou-se emocional, demasiado emocional. Não consegui suprimir a sua personalidade e sentimentos (ao contrário do que fiz no cérebro do Fukeru) e pensei que isso não seria um problema. Enganei-me redondamente. Quando cresceu e se tornou capaz de perceber o que acontecia à sua volta, Kazue foi-se rebelando contra as minhas intenções e planos. Quando percebi que essas atitudes podiam afetar as outras crianças e levá-las pelo mesmo caminho, tentei pôr-lhe um fim. Falei com ela na tentativa de parar a sua rebeldia, mas Kazue teimou infantilmente que não me queria ouvir. Avisou-me que não concordava com as minhas intenções e que faria de tudo para me impedir. Não tive outra escolha senão expulsá-la do laboratório enquanto tive oportunidade. Não consegui matá-la. Não sei o porquê, mas simplesmente não o consegui fazer. O aperto sufocante no meu coração impediu-me de o fazer, um sentimento que antes nunca tivera. Ter-me-ia afeiçoado àquela criança após sete anos a treiná-la para que um dia não fosse mais que um soldado para mim?
Apercebi-me que a resposta a essa pergunta era "Sim.". Nunca devia ter-lhe dado um nome ou pensar que esta humana era como uma filha por mim apenas por compartilhar a mesma dádiva que possuo. Não resisti a não a procurar. Não sabia se a devia procurar pela possibilidade de livre poder ficar mais forte que eu ou pelo simples facto de não me imaginar a viver sem ela. Independentemente do que eu sentia, apenas sabia que tinha de a perseguir."